Mensagem da Administração

Dezembro 2024

O contínuo progresso da desinflação nos Estados Unidos permitiu que o início do ciclo de afrouxamento monetário se iniciasse em 2024, mas a resiliência da economia americana deve tornar o ritmo de ajustes em 2025 mais lento. O cenário global permanece incerto e depende do direcionamento econômico que será dado pelo novo governo dos Estados Unidos. Se as mudanças implementadas ficarem aquém do esperado, com efeitos mais moderados sobre o crescimento global e sobre a dinâmica geopolítica, as perspectivas para as economias emergentes se tornarão mais favoráveis.

No Brasil, o ciclo de afrouxamento, que se iniciou em 2023, foi interrompido. O expressivo impulso fiscal e a resiliência do mercado de trabalho se sobrepuseram aos fatores contracionistas esperados, resultando em um crescimento que superou, pelo quarto ano consecutivo, as expectativas de mercado que são feitas no início do ano. A deterioração da dinâmica inflacionária, que voltou a acelerar após um notável progresso, aliada a um cenário de expectativas de inflação desancoradas e de câmbio depreciado, fez com que o Banco Central do Brasil desse início a um novo ciclo de aumento da taxa de juros em 2024, poucos meses após o fim do ciclo de cortes, levando-a a um patamar ainda mais restritivo.

Apesar do cenário prospectivo desafiador, espera-se que o aperto das condições financeiras leve a uma desaceleração da atividade em 2025, ainda que seus efeitos se manifestem de forma mais evidente na segunda metade do ano e em 2026. Além disso, a desaceleração deve evoluir de forma gradual. É esperado um bom desempenho de setores menos cíclicos, como o agropecuário, e do mercado de trabalho, que se ajusta lentamente.

Com os juros básicos da economia em patamares atrativos e outras classes de ativos performando relativamente mal, o mercado de crédito no Brasil se destacou com o influxo contínuo de recursos para produtos e fundos de renda fixa, em especial os isentos. A abundância de liquidez fez com que o BOCOM BBM se deparasse com uma pressão de compressão dos spreads de novas operações de crédito corporativo, o que também contribui para a manutenção da inadimplência em níveis baixos. Ao mesmo tempo, esse cenário contribuiu para resultados relevantes com fees de estruturação de operações de crédito ofertadas no mercado na nossa área de mercado de capitais (DCM).

Em 2024, o BOCOM BBM continuou a ampliar sua atividade de Asset Management, com destaque para o lançamento do nosso primeiro FIDC FIAGRO, uma captação de R$ 150 milhões concluída em setembro de 2024.

O primeiro semestre de 2024 foi marcado por diversas mudanças regulatórias e tributárias no mercado de investimentos, o que provocou um deslocamento de fluxo para a renda fixa e impulsionou o resultado da área de mercado de capitais de dívida (DCM), ao passo que o segundo semestre trouxe um aumento das incertezas tanto no mercado global quanto no local, afetando a volatilidade do mercado e gerando oportunidades para nossas operações de tesouraria e de sales de derivativos, que acabaram por ser o destaque do resultado no ano de 2024.

Desta forma, o BOCOM BBM conseguiu por mais um ano obter taxas de rentabilidade sobre o patrimônio elevadas, com destaque especial para os resultados de tesouraria/sales de derivativos, a coordenação e distribuição de operações de mercado de capitais de dívidas (DCM), a baixa inadimplência e a continuação do crescimento de novas áreas de negócio, como nossa Asset Management.

Para o ano de 2025, antevemos uma relação inicial de risco/retorno menos interessante nas novas operações de crédito, o que faz com que tenhamos uma projeção de crescimento da carteira desacelerando em relação à taxa de 10% anualizada obtida em 2024. Seguimos confiantes em nossa bem-sucedida estratégia de diversificação em novas áreas de negócio, com expansões no segmento de mercado de capitais de dívida, produtos de tesouraria para clientes e asset management. Essas fontes de receita, que não estão diretamente ligadas ao spread de crédito, alcançaram 47,2% do total de receitas do Banco. Isto representa um grande crescimento frente aos 22,3% obtidos em 2016, quando o projeto BOCOM BBM teve início.

Em 2024, continuamos fortalecendo nosso compromisso corporativo com o bem-estar de nossos colaboradores, clientes, fornecedores e comunidades locais onde atuamos. Por meio de patrocínios e doações, apoiamos diversos projetos que oferecem suporte à formação de pessoas em situação de vulnerabilidade. Destacamos a continuidade no apoio ao projeto localizado próximo ao nosso escritório no Rio de Janeiro, o Arte Tech, da ONG Gamboa Ação, que oferece aulas extracurriculares para crianças carentes. Por meio da ONG Viver Solidário, apoiamos também algumas entidades filantrópicas do Rio de Janeiro, com a doação de alimentos e produtos de higiene no período do Natal.

Além disso, prestamos apoio a universidades e cursos de formação em áreas estratégicas para o Banco, como os departamentos de economia da PUC-Rio e da FGV, dois centros de excelência na área, e o Global Hybrid Classroom, um programa de ensino online desenvolvido pela Universidade Tsinghua que promove a colaboração e o intercâmbio de conhecimentos entre instituições educacionais em todo o mundo. No Brasil, o programa está sendo implementado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Por fim, nossos comitês de Sustentabilidade e de Mulheres continuaram promovendo importantes iniciativas internas, como a mensuração, certificação e compensação das emissões de carbono do Banco.

O BOCOM BBM participou da comemoração dos 50 anos das relações diplomáticas entre Brasil e China apoiando alguns projetos que retratam o intercâmbio cultural entre os dois países ao longo dos anos. A restauração e manutenção da Casa Pacheco Leão, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, recebeu a exposição “Rota do Chá”, que permanece em exibição em 2025. E o livro “Troposfera compartilhada: Artistas Brasil e China” trouxe obras de artistas brasileiros e chineses, com elementos da natureza e da tecnologia que unem as duas culturas. As sinergias existentes entre Brasil e China não se limitam à cultura, e esta é apenas uma pequena mostra das oportunidades que podem trazer ainda mais integração entre os dois países.